Não é porque os dentinhos ainda nem começaram a pipocar que os cuidados com a boca do seu filho podem ser desprezados. Pelo contrário. Eles já merecem atenção antes mesmo do nascimento. Durante a gravidez, é aconselhável que os pais já tenham consultado um odontopediatra, o especialista que vai acompanhar o desenvolvimento da dentição e tirar muitas dúvidas paternas sobre o que fazer a partir dos primeiros dias de vida da criança. É nesse período, logo na largada, que a higiene bucal do pequeno passa a ser necessária. Uma gaze ou uma fralda embebida em água filtrada ou fervida deve ser usada para limpar a língua e a gengiva do recém-nascido depois de cada amamentação.
O aleitamento materno é essencial. Além de estimular as defesas do organismo, garantindo o desenvolvimento completo e saudável, mamar no peito também é vital para a saúde dos dentes. Quando o bebê puxa o leite diretamente do seio da mãe, ele fortalece a musculatura labial e ainda estimula o crescimento ósseo da face, a formação da arcada dentária e o posicionamento correto da língua.
Quando aparece o primeiro dentinho, é hora de mudar de estratégia de higiene. Para limpar a área, os pais podem usar uma dedeira de silicone ou uma escova específica para bebês. O instrumento precisa ter cabeça pequena e arredondada, cabo emborrachado e cerdas bem macias. Mas, atenção: preocupe-se com a quantidade de flúor na pasta. Quanto menos (ou nenhum), melhor. A razão é simples. Nos primeiros anos de vida, a criança não consegue cuspir. Assim, tudo o que entra na boca acaba sendo engolido. Como ela já estará exposta ao flúor presente na água e até em alimentos, como em algumas marcas de leite em pó, o mineral se acumulará no organismo no decorrer dos anos – o que não é nada bom nesse período, quando os dentes permanentes estão sendo formados. Dessa forma, o excesso da substância pode provocar defeitos no esmalte, como manchas brancas ou acastanhadas, listras e até deficiências estruturais. É o que os especialistas chamam de fluorose.
Para evitar a encrenca, mesmo depois que a criança já aprendeu a cuspir, deve-se escolher uma pasta com uma menor quantidade de flúor. Em qualquer supermercado ou farmácia, é possível encontrar versões adequadas, ou seja, aquelas com 1100 partes por milhão do mineral (nas embalagens, esse dado aparece com a sigla ppm). Os adultos usam pastas com 1500 ppm. Como toda orientação, esta também está sujeita a exceções: dependendo do risco de cárie, há casos em que se recomenda a pasta fluoretada para escovar os dentinhos de leite à noite. Quem pode avaliar se é ou não o momento de fazer isso é o odontopediatra.
Outros fatores também são importantes na qualidade da dentição infantil, como a frequência com que a criança se alimenta e se ela permite escovar os dentes sem reclamar. Nesse ponto, a propósito, os pais devem ser inflexíveis. Nunca deixe de escovar os dentes do seu filho, por mais que ele esperneie. Especialmente depois da última mamada. Aliás, quanto antes for possível retirar a alimentação noturna, aquela da madrugada, melhor para o sorriso da criançada. Se não der, que pelo menos se faça a higienização adequada, sempre. Até no meio da noite se for preciso.
Lembre-se: é dando o exemplo desde cedo que os pais ajudarão os filhos a terem um sorriso saudável. As crianças aprendem muita coisa – de bom ou de ruim – imitando o pai, a mãe e até os irmãos mais velhos. Em uma casa onde os adultos não se esquecem de cuidar bem dos dentes, haverá menos risco de os pequenos terem cáries e outros problemas dentais.