Na próxima sexta-feira (27) comemora-se o Dia Mundial de Conscientização e Enfrentamento ao Câncer de Cabeça e Pescoço. Por isso, a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP) promove o #JulhoVerde, campanha de prevenção do câncer de cabeça e pescoço, com o objetivo de conscientizar e alertar a população sobre os sintomas da doença e a importância da detecção precoce.

Os tumores de cabeça e pescoço são uma denominação genérica do câncer que se localiza em regiões como boca, língua, palato mole e duro, gengivas, bochechas, amígdalas, faringe, laringe (onde é formada a voz), esôfago, tireoide e seios paranasais. Um levantamento do Instituto Nacional de Câncer (Inca) aponta que o câncer de boca, laringe e demais sítios é hoje o segundo mais frequente entre os homens, atrás somente do câncer de próstata. Nas mulheres, prepondera o câncer da tireoide, sendo o quinto mais comum entre elas.

Segundo Lucas Sant’Ana, médico oncologista que integra o corpo clínico do Hospital Dona Helena, de Joinville (SC), nas fases iniciais, os tumores de cabeça e pescoço podem ser assintomáticos. “À medida que progridem, podem levar a alguns sintomas que devem servir de alerta: manchas na boca, dor em região oral ou para deglutir, feridas com cicatrização demorada, mudança na voz como rouquidão persistente e dificuldade para engolir. Nas fases mais avançadas da doença, podem ainda surgir nódulos na região cervical”, detalha.

Aumento de incidência na população jovem por transmissão de HPV

Tradicionalmente, os principais agentes relacionados a este tipo de câncer são tabagismo e ingestão de bebidas alcoólicas, que correspondem pela maior parte dos novos casos do câncer de cabeça e pescoço diagnosticados no Brasil. Porém, a infecção pelo papilomavírus (HPV) tem contribuído, nos últimos anos, com o aumento na incidência desta doença, segundo a SBCCP. São cerca de 41 mil novos casos anualmente, de acordo com estimativas do Inca. Em geral, a idade média ao diagnóstico de câncer de cabeça e pescoço é entre 60 e 65 anos. Porém, é cada vez mais frequente o diagnóstico em indivíduos jovens (menores que 45 anos) com tumores originados pelo HPV.

A transmissão deste vírus se dá principalmente pela via sexual. “No caso dos tumores de cabeça e pescoço, através do sexo oral. A melhor maneira de se prevenir é pela utilização de preservativo durante relação”, reforça o profissional, que lembra que existe vacina contra HPV. “Embora tenha sido inicialmente direcionada para prevenção do câncer de colo de útero, por prevenir a infecção pelo HPV, a vacina também tem um potencial de prevenir contra câncer de cabeça e pescoço”, informa. No Brasil, a vacina está disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas de 9 a 14 anos e para meninos de 11 a 14 anos.

Além do HPV, vírus como EBV e o HIV também estão associados ao câncer de cabeça e pescoço. “A exposição excessiva à radiação solar ultravioleta também pode representar fator de risco para câncer de lábio”, aponta o especialista.

Quanto antes detectado, maior chance de cura

O diagnóstico precoce e o rápido início do tratamento são fundamentais para a cura do câncer de cabeça e pescoço. O diagnóstico tardio, que ocorre em 60% dos casos, deixa sequelas no paciente. “Não existem exames de rotina para identificação deste tipo de tumor como ocorre, por exemplo, com a mamografia para câncer de mama ou colonoscopia para câncer de cólon. Profissionais de saúde da família, assim como dentistas, são fundamentais para o diagnóstico das lesões iniciais, fase em que os índices de cura são mais elevados”, informa o médico.

Para realizar o diagnóstico, inicialmente é feito um exame para detecção da lesão através da inspeção da cavidade oral. “Para tumores mais profundos é necessário o emprego do nasofibrolaringoscópio. Após a visualização da lesão, realiza-se a biópsia da mesma”, informa Sant’Anna. O tipo do tratamento e as chances de cura dependem do estágio em que a doença se encontra. “Para tumores em fases mais iniciais, a cirurgia isolada pode ser curativa em grande parte dos casos. Para estágios mais avançados, outras abordagens terapêuticas podem ser necessárias, como quimioterapia e radioterapia, e as possibilidades de cura diminuem.”

Além das complicações inerentes à doença em si, o tratamento do câncer de cabeça e pescoço também pode levar à grande morbidade. “Dependendo do tipo de tratamento realizado, certas complicações podem ocorrer. Cirurgia pode levar a alterações estéticas, dificuldade de fonação, dificuldade de deglutição e necessidade de traqueostomia. Radioterapia pode levar a xerostomia (boca seca) e queimaduras na região oral. Quimioterapia pode causar queda da imunidade, problemas renais, náuseas e vômitos”, relata o oncologista.

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