BELO HORIZONTE –  Brasil e Argentina fazem nesta terça-feira, 2, no Mineirão, a partir das 21h30, um clássico decisivo, valendo vaga na final da Copa América, num duelo de gigantes adormecidos ou, ao menos, baleados, e com mais a perder do que a ganhar. A seleção anfitriã, que perdeu seu craque, Neymar, cortado, vive sob desconfiança depois da frustrante Copa na Rússia e, apesar dos bons números – Tite tem apenas duas derrotas em três anos de trabalho – precisa confirmar sua supremacia no continente, o que não ocorre desde 2007. Do lado argentino, o cenário é ainda pior: persegue um título há 26 anos e é um time tão desorganizado que faz o gênio Lionel Messi parecer um jogador comum.

O Brasil chega para o duelo como favorito, e não apenas por jogar em casa. Tem uma defesa sólida, que não levou nenhum gol sequer no torneio, e um projeto mais longevo e estruturado. Mas a pouca criatividade do ataque, sobretudo diante de fortes retrancas, é o motivo de maior preocupação. O “fantasma” do Mineirão, palco do maior vexame da história da seleção, o 7 a 1, também pode ser usado como trunfo dos visitantes. A Argentina, no entanto, também carrega seus traumas: vem de três vice-campeonatos seguidos, o da Copa do Mundo de 2014, justamente no Brasil, e das edições de 2016 e 2016 da Copa América, ambas perdendo para o Chile, que segue vivo do outro lado da chave.

“Não está sendo meu melhor torneio”, admitiu Lionel Messi, ainda em busca de seu primeiro troféu com a seleção adulta. Sobretudo depois da ausência de Neymar e eliminação dos uruguaios Luís Suárez e Edinson Cavani, o camisa 10 argentino se tornou quase que uma estrela solitária de um torneio esvaziado. Tanto que diversos brasileiros,  especialmente crianças, perseguiram o ídolo, em busca de uma foto ou um mero aceno, a cada viagem da seleção argentina. “A gente só rivaliza com quem a gente admira”, resumiu Tite, que rasgou elogios e disse que “não há como anular Messi”.

O zagueiro Thiago Silva foi além e tratou o craque do Barcelona como “o maior da história”, mas deu algumas pistas sobre como marcá-lo. Messi não tem um bom retrospecto contra o Brasil: fez quatro gols em nove jogos, o último em 2012, e acumula cinco derrotas, três vitórias e um empate. Mas a esperança de todos os argentinos é que apresente sua melhor versão, justamente num momento tão decisivo. “Nos acostumamos a vê-lo sempre fazendo três gols, mas aqui lhe pedimos outras coisas. Estamos muito satisfeitos e confiamos em Messi, é nossa bandeira”, afirmou o técnico novato Lionel Scaloni, que deu sinais de insegurança antes do jogo.

Tanto Scaloni quanto Tite sabem que uma derrota pode fazê-los balançar no cargo – o argentino ainda mais, ainda que negue. “Esse jogo não vale nada para Scaloni, vale para a Argentina”, despistou. Os dois treinadores mantiveram o mistério na escalação. O Brasil terá o retorno importante de Casemiro, que volta de suspensão, mas pode não ter Filipe Luís, que se recupera de lesão muscular na coxa. “Eu sei o time, mas não vou dizer”, afirmou Tite. Do lado rival, Scaloni confirmou apenas o jogador que todos pensavam que poderia sair.

“Não vou revelar o time, mas a única coisa que digo é que Agüero vai jogar. Não sei por que vocês sempre dizem que ele vai sair do time (…) Só garanto o Agüero, do resto ninguém. Nem Messi!”, disse, em tom bem-humorado. Até o momento, foram vistos poucos torcedores argentinos na capital mineira. É possível, no entanto, que eles cheguem de última hora para o duelo, que, ainda que não desperte as mesmas emoções de outros tempos, segue sendo um jogo que o mundo para para assistir. “Estou numa expectativa danada, não consegui dormir e não vou dormir de novo. Será um grande jogo, um grande espetáculo”, confessou Tite.

Prováveis escalações:

Brasil Alisson; Daniel Alves, Thiago Silva, Marquinhos e Filipe Luís (Alex Sandro); Casemiro, Arthur, Phillippe Coutinho; Gabriel Jesus, Firmino e Everton. Técnico: Tite

Argentina: Franco Armani, Juan Foyth, German Pezzela, Nicolás Otamendi, Nicolás Tagliafico, Rodrigo De Paul, Leandro Paredes, Marcos Acuña, Lionel Messi, Sergio Agüero, Lautaro Martínez. Técnico: Lionel Scaloni.

O primeiro jogo da história aconteceu em Buenos Aires, no estádio do Club Gimnasia y Esgrima. Carlos Izaguirre (2) e Aquiles Molfino fizeram os gols.

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